Emoção e superação! As aulas online desenvolvem papel importante para a continuidade da aprendizagem, diante do cenário de pandemia da covid-19, mas na escola Santos Aguiar, elas atingiram um novo patamar. A turma dos alunos do 2º ano do Ensino Fundamental ganhou uma estudante para lá de especial. É a dona Maria José da Silva Crispim, que aos 79 anos, conseguiu ter a oportunidade de aprender e escrever. Ela é tia-avó do Leonardo, de 7 anos e acompanha, há cinco meses, todos os ensinamentos da professora Gabriela Moreira.
A infância da aluna ilustre foi marcada pela dedicação com os irmãos mais novos, em uma vida sofrida na roça. Dona Maria José até tentou começar os estudos, mas como foi vítima de bullying, não conseguiu continuar com as aulas. Com a morte do marido, há pouco mais de um ano, ela foi morar com a família da sobrinha, Rosângela Brito Martinez, onde auxilia o sobrinho-neto inclusive acompanhando cada atividade da aprendizagem.
Pela tela do computador, dona Maria José escuta e assiste as aulas da professora e aos poucos começou a aprender a gostar, principalmente das atividades da Língua Portuguesa. “Estou escrevendo, tentando. Se não dá certo eu tento novamente. Pergunto, a professora fala se está certo, se não está, ela me ensina. Apesar da dor de cabeça por conta da catarata, eu me esforço. Paro e tento novamente”, destaca a aluna exemplar.
Foi Rosângela quem apresentou dona Maria José à professora, que confessa que ficou emocionada ao descobrir a nova e especial aluna. “Eu fiquei sem reação e muito emocionada. A mãe do Léo perguntou em uma aula se poderia me mostrar uma coisa. Pensei que fosse uma atividade e quando ela voltou a câmera, me mostrou a dona Maria José e disse que era minha aluninha”, destaca Gabriela.
A surpresa fez com que a professora tivesse um novo olhar para o processo de educação. “Não que eu tenha mudado o estilo de aula, mas agora, eu olho todas as atividades que repasso para a turma, com outros olhos. Porque agora eu também tenho a dona Maria José e me pergunto se ela está acompanhando. Agora eu sei que ela está ali e me preocupo com ela. Até mesmo vi o caderninho dela com as anotações das aulas”, finaliza a professora.